quinta-feira, 18 de junho de 2009

PERGUNTA BÔNUS PARA O SEGUNDO ANO!

- Dê um exemplo de uma das variantes linguisticas social ou etária.

2 comentários:

  1. A capacidade lingüística do falante provém do meio em que vive, sua classe social, faixa etária, sexo e grau de escolaridade. Pessoas que moram em bairros chamados nobres falam diferente dos que moram na periferia.

    * Variação Etária
    Exemplo: A variação etária: irado, sinistro (termos usados pelos jovens para elogiar, com compreesão positiva, e pelos mais velhos, com compreensão negativa).

    * Variação Social
    Exemplos: o meio social em que foi criada e/ou em que vive; o nível de escolaridade (no caso brasileiro, essas variações estão normalmente inter-relacionadas (variação social) : substituição do L por R (crube, pranta, prástico); eliminação do d no gerúndio
    (correndo/correno); troca do a pelo o (saltar do ônibus/soltar do ônibus).
    Ju

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  2. Se você fizer um levantamento dos nomes que as pessoas usam para a palavra "diabo", talvez se surpreenda. Muita gente não gosta de falar tal palavra, pois acreditam que há o perigo de evocá-lo, isto é, de que o demônio apareça. Alguns desses nomes aparecem em o "Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa, que traz uma linguagem muito característica do sertão centro-oeste do Brasil:

    Demo, Demônio, Que-Diga, Capiroto, Satanazim, Diabo, Cujo, Tinhoso, Maligno, Tal, Arrenegado, Cão, Cramunhão, O Indivíduo, O Galhardo, O pé-de-pato, O Sujo, O Homem, O Tisnado, O Coxo, O Temba, O Azarape, O Coisa-ruim, O Mafarro, O Pé-preto, O Canho, O Duba-dubá, O Rapaz, O Tristonho, O Não-sei-que-diga, O Que-nunca-se-ri, O sem gracejos, Pai do Mal, Terdeiro, Quem que não existe, O Solto-Ele, O Ele, Carfano, Rabudo.

    Drummond de Andrade, grande escritor brasileiro, que elabora seu texto a partir de uma variação lingüística relacionada ao vocabulário usado em uma determinada época no Brasil.

    Antigamente
    "Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio."

    Como escreveríamos o texto acima em um português de hoje, do século 21? Toda língua muda com o tempo. Basta lembrarmos que do latim, já transformado, veio o português, que, por sua vez, hoje é muito diferente daquele que era usado na época medieval.


    Língua e status
    Nem todas as variações lingüísticas têm o mesmo prestígio social no Brasil. Basta lembrar de algumas variações usadas por pessoas de determinadas classes sociais ou regiões, para percebers que há preconceito em relação a elas.

    Veja este texto de Patativa do Assaré, um grande poeta popular nordestino, que fala do assunto:

    O Poeta da Roça
    Sou fio das mata, canto da mão grossa,
    Trabáio na roça, de inverno e de estio.
    A minha chupana é tapada de barro,
    Só fumo cigarro de paia de mío.

    Sou poeta das brenha, não faço o papé
    De argun menestré, ou errante cantô
    Que veve vagando, com sua viola,
    Cantando, pachola, à percura de amô.
    Não tenho sabença, pois nunca estudei,
    Apenas eu sei o meu nome assiná.
    Meu pai, coitadinho! Vivia sem cobre,
    E o fio do pobre não pode estudá.

    Meu verso rastero, singelo e sem graça,
    Não entra na praça, no rico salão,
    Meu verso só entra no campo e na roça
    Nas pobre paioça, da serra ao sertão.
    (...)

    Você acredita que a forma de falar e de escrever comprometeu a emoção transmitida por essa poesia? Patativa do Assaré era analfabeto (sua filha é quem escrevia o que ele ditava), mas sua obra atravessou o oceano e se tornou conhecida mesmo na Europa.

    Leia agora, um poema de um intelectual e poeta brasileiro, Oswald de Andrade, que, já em 1922, enfatizou a busca por uma "língua brasileira".

    Vício na fala
    Para dizerem milho dizem mio
    Para melhor dizem mió
    Para pior pió
    Para telha dizem teia
    Para telhado dizem teiado
    E vão fazendo telhados.

    Uma certa tradição cultural nega a existência de determinadas variedades lingüísticas dentro do país, o que acaba por rejeitar algumas manifestações lingüísticas por considerá-las deficiências do usuário. Nesse sentido, vários mitos são construídos, a partir do preconceito lingüístico.

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